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sábado, 28 de abril de 2012

Rosana Lanzelotte - O Cravo Brasileiro














 Soa meio extranho um cravo que não seja renascentista ou, pelo menos barroco. Bem, ao menos para meus incultos ouvidos.
 No tempo do eu menino, os tais teclados musicais de hoje, eram chamados, muito apropriadamente, de órgãos eletrônicos, e eram figurinhas dificílimas para um garoto pobre. O Mundo mal  acabara de sair do Melotron e os órgãos eletrônicos "populares" ganhavam as salas de estar com muito langor, substituindo os velhos harmônios e dividindo espaço com os irrepreensíveis pianos Essenfelder, Brasil, Fritz... quase sempre de armário.
 Rapazote mas, ainda sem cabelo nas ventas, adquirí meu primeiro órgão profissional: Um Diatron Spectra com Sustain e tudo o mais. Todo bobinado, pesava uns cem quilos. Por dentro parecia um painel de controles de discos voadores. Bem, como já falei sobre isso, nas minhas Lembranças, fiquemos por aqui mesmo, voltemos ao angelial Cravo.
 Pois é, desde menino, impressionava-me a sonoridade miudinha do Cravo, em comparação ao piano. Como não havia cravo aqui na minha região, nem no Consevatório Leionie Ehret, onde passei uma vida inteira, tampouco tinha acesso ainda aos tais órgãos eletrônicos, que, de fórma mágica imitavam todos os instrumentos, inclusive o delicioso Cravo, o jeito foi quase destruir um Essenfelder novinho, tentando transformá-lo num Cravo. Doidice de menino, de menino sonhador. Pois bem, só fui conhecer realmente, estudar e dedilhar um Cravo, já homem feito, e, minha fascinação pelo instrumento estabeleceu-se definitivamente.
 Hoje em dia, já não me soa extranho um Cravo moderno e, até um Forró vai bem neste Pio instrumento.Vamos conferir?
 Forte abraço.



Osvaldo Lacerda
Sonata (1975)
01 I. Allegro Giusto
02 II. Andantino con moto
03 III. Allegro vivo

Antonio Guerreiro
Suíte (1998)
04 I. Entrada
05 II. Forró Urbano
06 III. Cantiga
07 IV. Ponteado e Bordão

H. Dawid Korenchendler
Momentos Brasileiros (1991)
08 I. Conversa Informa
09 II. Folias em Eisenac
10 III. Allegro ma non tropo

Ernesto Nazareth
11 Batuque (1906)
12 Fon-fon (anterior a 1910)
13 Escorregando (s.d.)
14 Odeon (1910)

Ernani Aguiar
Peças de Ocasião (1994)
15 I. De viola sem rabeca
16 II. Allegro
17 III. À Brasileira
18 IV. Meio choro
19 V. Dobrado (Allegro Moderato)

Caio Senna
20 Convulsões Delicadas (1997)

Claudio Santoro
21 Prelúdio 1 (1957)
22 Prelúdio 7 (1959)
23 Prelúdio 12 (1963)

Rosana Lanzelotte, cravo
Fernando Maciel de Moura, pandeiro





sábado, 26 de setembro de 2009

Ernesto Nazareth

 EDITORIAL                                                                                                                                                                                                      










   Se existe alguma lacuna no rol dos compositores eruditos aqui do piano clássico (e o pior é que existe)
a mais grave delas é a que se refere à obra do grande Ernesto Nazareth. Quando digo lacuna não significa dizer que o grande compositor esteja fora de nosso catálogo, simplesmente que ainda consideramos parco, nosso acêrvo.
   Aliás, empenhando-me numa busca minuciosa na Internet, nesta semana que ontem findou, cheguei facilmente à conclusão que é extremamente insignificante o número de Sites com o verbete Ernesto Nazareth em seus índices alfabéticos. Para ser franco, só achei três, entre eles nosso querido piano clássico.
   Na realidade, através da pesquisa Google acham-se centenas, milhares de páginas, mas, infelizmente recheadas apenas de figuras, biografias, comentários de “especialistas especializadíssimos”, charges, anedotas, alguns artigos irresponsáveis, alguns até criminosos, quando se sabe que constitui crime hediondo assassinar fria e cruelmente a memória nacional no que ela tem de mais belo e valoroso. Isso tudo sem falar naquelas páginas horrorosas que anunciam a obra do compositor, exibem uma bela capa de Cd, desmancham-se em elogios a Obra, mas, quando se clica no link para download, o que surge, bem diante de nossos olhos, é uma desagradável figura dum cadeado ou uma mão espalmada em direção as nossas faces, mormente seguida duma frase: Pare, não tens permissão para entrar aqui, por favor, faça login. Que marketing burlesco heim? Como nos sentimos insultados por este gesto insolente, resolvemos fazer o tal login. Ao término, quando pensamos que finalmente baixaremos o bendito arquivo, súbito surge outra igualmente grotesca advertência: Pague aqui, através de seu Master Card $ 29.00 para receber, brevemente em sua casa este magnífico Cd de Ernesto Nazarth, acompanhado do fabuloso disco do Amado Batista, como bônus especial. (P...).                                                                                           
   Imediatamente tentamos desfazer a loucura que quase se consumou,  pelejamos para apagar nosso endereço de E-mail, nome, sobrenome etc. Tudo em vão, o processo é irreversível.
   O pior é que os sacripantas, a partir daí, passam a enviar-nos, diariamente, uma abjeta lista com uma boa dezena de tranqueiras inúteis, tudo à venda. Esses pôrra loucas, desculpem o termo chulo, deveriam estar  engaiolados em robustas celas de presídios de máxima segurança, e não ameaçando incautos cidadãos em seus próprios lares. Tudo em troca de amealhar algum cobre como sórdido lucro.
   Bem, deixemos isso para lá, existem ainda esses três Sites e quero crer que muito mais, a disponibilizar graciosamente, boa parte da obra do grande compositor. É pouco? É sim, mas já é alguma coisa. Agora voltemos ao nosso grande pianista.






 Ernesto Nazareth sempre foi, até meados do século passado, e até mais que isso, até quase os dias de hoje, grandemente injustiçado por uma horda de ignorantes. Aliás, nem sei porque tanta ignorância, sendo tão fácil a percepção da genialidade em sua obra. Na verdade, é preciso que sejamos francos, Ernesto Nazareth nunca foi visto como erudito de fato, em sua época e em décadas posteriores, e sim, como poeta menor. Pelo menos era esse o conceito dos imbecis eruditos de plantão, e eram, e são tantos meu Deus, tantos...
   Na minha meninice, louco por levar a cabo o Batuque, e sem nada conseguir, naturalmente pela falta de uma boa escola de mecanismo e velocidade, que naturalmente não tínhamos naquela idade, argüíamos a virtuose e mestra Maria Cecília: -Então, esse Ernesto Nazareth não é erudito, é popular?
                            -É erudito sim senhor, retrucava; Não percebes a dificuldade que sentes em interpretá-lo?
-Tão erudito quanto um Chopin? Perguntava-lhe o discípulo idiota, desconhecendo a  predileção da mestra por aquele grande compositor do Romantismo, que, no entanto, respondia:
-Muito mais; Muito mais...
-Por quê? Insistia,
-Não vês? Respondia com paciência infinita e inabalável dedicação. Não vês que não consegues interpretar dele um tango, um choro sequer, nem mesmo o Batuque que tanto amas? No entanto dominas razoavelmente uma Polonaise, um noturno e algumas valsas de Chopin...
   Realmente, hoje sei, compreendo e aceito que o grau de dificuldade de interpretação tem tudo a ver com o nível de erudição e capacidade intelectual do compositor, isso qualquer músico que não seja medíocre reconhece, e embora não o declare publicamente, sente-o em sua própria epiderme. Qualquer pianista, por pior que seja, sendo honesto consigo mesmo, deve reconhecer a enorme diferença entre interpretar Johann Pachelbel e Johann Sebastian Bach, só para citar um exemplo clássico. Sente com sobeja a elevação espiritual até na técnica esmerada que os difere, assim como na patente dificuldade interpretativa daquele que trabalhou no grau e patamar da genialidade! Genialidade...
  O resto é balela bem educada, bem comportada, e medo da crítica (des) especializada. Você é pianista meu caro? Inquira seus dedos, saiba o que sentem ao passear pelos floridos pentagramas de Chopin. Depois, compare com as vastas estradas sonoras de Ernesto Nazareth...
   Enfim, só o que se sabe com toda certeza é que os dois gênios estão no Céu, Chopin tem lá um belo apartamento de cobertura bem pertinho de Deus, e toca um Steinway Cauda Longa. Ernesto Nazareth não, mora num afastado sítio, numa choupana próxima a uma cachoeira bem longe do manicômio Juliano Moreira. Sabem quem passa por lá todo dia, a fim de tirar uns dedinhos de boa prosa e ouvir o grande pianista tocar em um tosco piano Brasil enquanto aprecia umas goladas duma boa cachaça? É, é Ele mesmo, o próprio Todo Poderoso, e sabe quem o acompanha? Adivinhou, é Chopin mesmo, tentando curar aquela inconveniente dor intestinal com uma boa golada de cana temperada!
   Ainda nos dias de hoje, ouve-se a rude tentativa de formação de vocalização de sentenças (quer dizer, tentativa de falar) por parte de uma cambada de imbecis inúteis e intelectualóides, aquela turma do “veja bem” e do “com certeza”, a assertiva, opa, melhor dizer a errativa de que Ernesto Nazareth é o grande compositor dos chorinhos para piano, é o imitador por excelência dos argentinos, tendo criado o tango brasileiro. Tudo porque o grande músico foi tocador de piano em ante-salas de cinemas, ao invés de pianista de salas internacionais.
   Como se sua música não falasse, gritasse, por si própria, alardeando aos quatro ventos, a própria majestade e grandiosidade.
   Por sorte, só críticos pensam assim, e nem todos, mas, mesmo em minoria, acabam transmitindo esta visão surrealista aos jovens que, por ignorância e imprecaução, acabam incorporando-a a seus pré-conceitos constituintes de seus parcos acervos intelectuais.


  Aí então está instituida a desgraça: "Ernesto Nazareth era tocador de chorinho. Metido a besta, mais do que freqüentar rodas de samba o que queria era ser uma espécie de Chopin. Acabou sendo internado num asilo para alienados, fugiu e acabou em trágico falecimento em plena manifestação dum transtorno bipolar maníaco depressivo. Ou seja, o cara era esquizofrênico, doido."  Este resumo ouvi-o de um jovem doidivanas há alguns anos. Que biografia bizarra heim?
   Está mais que na hora de entendermos que tivemos aqui no Brasil um músico que dominou de maneira extremamente virtuosa a técnica pianística, sendo, além disso, um compositor de profunda erudição e sensibilidade, só comparado, e na pior das hipóteses, com o grande Chopin. E que criou uma forma absolutamente nova e original na música erudita, tão nova e original que deveria ser elevada ao patamar de Escola erudita. E era tão deslumbrante, abrangente e penetrante esse formato, que logo conquistava quem quer que a escutasse. E talvez tenha sido o único momento na nossa história em que o povo foi testemunha e sujeito do mesmo processo, ouvinte amante daquela música erudita tão apaixonante, tão singular, tão única, inimitável...
    Nesta presente postagem, as vedetes são dois Cds com músicas de Ernesto Nazareth, um interpretado pelo pianista Arthur Moreira Lima, não vou aqui, absolutamente declinar minhas opiniões sobre a técnica do grande instrumentista, todos sabem que deploro, com todas as forças, qualquer tipo de crítica, portanto não cabe a mim dizer que a performance do pianista é super interpretativa, ou seja, que ele exagera na expressividade, nos pianos e pianíssimos inexistentes na escrita original; Que com isso acaba subtraindo a virilidade da música de Ernesto Nazareth, tal qual um Andras Schiff ou um Glenn Gould o fizeram com J.S. Bach, etc. e etc. Não, não cabe a mim o papel de crítico, deploro a crítica, cada um goste ou deixe de gostar de determinado instrumentista e sua técnica interpretativa por si próprio!
   O segundo é o excelente Cello trio, com algumas músicas de Ernesto Nazareth, todas interpretadas por um trio de violoncelistas, é isso mesmo, um trio de cellos. E é impressionante o resultado.  Mesmo porque nem é preciso muito malabarismo para arranjar-se Ernesto Nazareth para três instrumentos, mesmo em três instrumentos solos, já que a música do grande compositor, aliás, sua harmonia muito rica, enche facilmente nossos ouvidos. Simplesmente transcreve-se linha melódica e acompanhamento para quaisquer instrumentos, sem nenhuma mudança em seu conteúdo, deixando intocáveis tanto as frases melódicas como seus acompanhamentos, pronto, a relação melodia/harmonia está preservada e só o que mudou foi a natureza da sonoridade. Ernesto Nazareth continua vivo e original nos três Cellos, em três violinos, em três violões, e até em três gaitas, se puderem respeitar a integridade harmônica (os acordes completos). O Cello Trio é composto por dois brasileiros residentes na Alemanha e um Alemão residente no Brasil, não sei onde se encontram para tocar... Deixando as brincadeiras de lado, os músicos são, Marcio Carneiro, professor na Universidade Estadual de Música, Detmold, na Alemanha; Matias de Oliveira Pinto, professor da Escola de Música de Berlim, (grande escola) e Peter Dauelsberg, nascido em Bremen,  Professor da Universidade de São Paulo. O Trio é simplesmente formidável!
   Bem amigos, parece que comecei meio bravo o editorial de hoje, é que não posso me conformar com o tom irresponsável com que alguns blogueiros tratam  o grande Ernesto Nazareth, mas, é isso mesmo, a maioria de nós reconhece e sabe mensurar com justeza a grandiosidade deste astro fabuloso, o que já é alguma coisa.
   Espero que esta semana que hoje se inicia, seja repleta de boas realizações mas, somente em conformidade com o plano Criador e, rogando sempre a assistência das superiores entidades, que Deus nos abençoe, a todos!









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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Jacob do Bandolim

-Jacob do Bandolim
Valsas brasileiras de antigamente (1960)













1. Arrependimento (Gastão Lamounier)
2. Aurora (Zequinha de Abreu)
3. Evocação (Eduardo Souto)
4. Flor do mal (Saudade eterna) (Santos Coelho)
5. Salões imperiais (Jacob)
6. Rapaziada do Brás (Alberto Marino)
7. Único amor (Alfredo Medeiros)
8. Glória (Bonfiglio de Oliveira)
9. Caindo das nuvens (Nabor Pires Camargo)
10. Feia (Jacob)
11. Expansiva (Ernesto Nazareth)
12. Branca (Zequinha de Abreu)






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