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---Meu sonho de menino era tocar O Cravo bem Temperado todo. De cabo a rabo!E me via a tocar um Apollo Dresden, não, um Steinway cauda longa, nem sei se existe, mas no meu sonho existia. O Teatro lotado, saindo gente pelo ladrão. Na Europa? Não, aqui no Brasil, senão meus amigos todos não estariam presentes, como estavam, alegremente compartilhando meu triunfo. A platéia ia ao delírio a cada fuga que tocava. -Bis, bis! Não, não podia bisar, (iria contra todas as regras que proíbem ao vituose erudito, quase um Deus, tremendo sacrilégio).
---Fim do concerto, nenhum pianista jamais fora tão ovacionado quanto eu, naquele magnífico e onírico dia. É, era sonho, e sonhos logo se acabam, aí sim, via-me em realidade, sentado num banquinho ordinário de piano, daqueles redondos, equilibrados num fuso central, que lhe serve de regulagem da altura, tocando... Tocando? Batendo um Essenfelder de armário (era assim que chamávamos) tentando levar à cabo uma enervante Escola de Mecanismo, ou Escola de Velocidade. Qualquer um que seja ou tenha sido pianista sabe como é chato repetir aquele sobe e desce interminável de Czerny, por quatro a oito horas diárias, sob pretexto de "educar e amolecer os dedos".
---Eu não, queria logo era tocar Bach, e não entendia, na minha meninice, porque tinha que passar por todo aquele suplício, aquela terrível tortura chamada Escola de Mecanismo. Questionava o porquê e o parquê (como diria meu avô) da necessidade do domínio da técnica de Czerny, se nem existia Czerny à época de Bach. Então, ninguém tocava Bach no tempo de Bach? Talvez nem o próprio Bach? Questões profundíssimas para um pentelho idiota de poucos anos.
---Minha professora, a Mestra e Virtuose Maria Cecília, em vão tentava enfiar na cabeça de um retardado (eu mesmo) que a condição sem a qual não se pode tocar Bach, era justamente, uma boa scola de Mecanismo.
---Que nada, meus poucos anos não me deixavam entender tal coisa e em vão metia-me a tocar o Cravo de qualquer jeito, e tocava. Após o Prelúdio, geralmente mais fácil, pelo menos alguns deles que exigem menos técnica pianística, conseguia passar aos trancos, pelas exposições do tema das fugas, chegando amiúde aos stretos, quando então me engasgava quase por completo. Mesmo assim prosseguia, desta forma "doidivanista", por todos os prelúdios e fugas do Cravo, somente enganando-me, iludindo-me e sonhando, o que me dava, admito, grande contentamento. Acho que farei a mesmíssima coisa na outra vida.
- Essa lenga lenga interminável, caro leitor, é só para demonstrar-lhe a importância dessa grande Obra de J.S.Bach, O Cravo bem Temperado em minha vida, hoje rio-me do que fiz, resta-me a grande admiração que inda tenho por esses dois magníficos livros. E é com muito prazer e muita honra que agora lhe ofereço a Obra completa, maravilhosamente interpretada por Daniel Chorzempa. Talvez a melhor interpretação do Cravo jamais vista.
SOBRE O CRAVO BEM TEMPERADO
Todo mundo sabe que o Cravo bem Temperado não foi escrito somente para cravo, uma rápida olhadela nas parti-
turas já atesta tal fato. Há notas, por ex. que devem ser sustentadas por dois, tres ou mais compassos. Num Cravo? Pode? Não, não pode, é impossível, pelo menos do que me lembro quando estudei Cravo, a corda ao ser ferida, logo perde sua força inicial (intensidade) a audibilidade. Para ser mais técnico: A ressonância derivada das vibrações, e para ser menos técnico, acaba-se o som. Claro que Bach, nestas ocasiões, compôs para Òrgão, que, naturalmente tem esse recurso de sustentação. Bastando para isso, simplesmente que se mantenham as teclas das mãos ou dos pés, correspondentes às notas que se devem sustentar, acionadas. E pronto, sustenta-se quaisquer notas por quantos compassos sejam necessários.
Por isso a presente coletânea sobressai-se às demais, posto que interpretada, ora ao Piano, ora ao Cravo, ora ao Órgão. Ora que coisa simples e espetacular! (Perdoem o trocadilho horroroso). Agora, para um único músico realizar essa proeza... Afinal, a técnica pianística nada tem a ver com a técnica cravística que por sua vez nada tem a ver com a técnica organística, aliás, o que elas têm em comum, só as teclas pretas e brancas.
SOBRE A ÉPOCA
A Música estava adaptando-se e, lentamente entrando na forma Tonal, enquanto, morosamente saía da forma Mo
dal. Bach, entusiasta da nova forma, ou seja, do Novo Temperamento, não tardou em compor uma Obra monumental, expressão máx
ima da genialidade barroca, somente para demonstrar didaticamente, esse novo Temperamento. E o fez como só um gênio privilegiado poderia fazê-lo.
SOBRE A FORMA DE EQUISIÇÃO DA PRESENTE COLEÇÃO
Roubei-a, ( nem queria iniciar este parágrafo com vocábulo tão injurioso, mas admito: Mea culpa, mea máxima culpa).
Furtiva e sorrateiramente, na calada da noite... Ih, ta bom, conheço crimes mais cabeludos.
SEM BRINCADEIRAS
Esta Fabulosa Coleção está hospedada na Internet graças à iniciativa do mais que formidável Site P.Q.P.Bach, do qual somos todos tributários. E sabendo perfeitamente que seu digno proprietério, o Sr. Peter Qualvoll Publieziren, do alto de sua extremada magnanimidade, entende como nós do Piano Clássico que Web, como tudo no mundo, só tem graça se for compartilhado com amor entre os irmãos, SOBRETUDO CULTURA, é que tivemos a ousadia de pinçar esta excelente coleção para graciosamente dividi-la convosco, leitor amigo. (ide à: about)
Aproveito, caro Sr. Publizieren, para desculpar-me, penitenciando-me perante todos, pelo ato falho repreensível.
E, Aproveito também para indicar a meus caros leitores, caso ainda não o conheçam, o belíssimo http://pqpbach.opensadorselvagem.org
lá está a mais completa seleção erudita da Internet, acompanhada sempre de comentários inteligentes, altamente gabaritados e escritos com graça e com ar, como diria Gil Vicente!
Um dia, caro amigo P.Q.P. permita-me chamá-lo assim, nos encontraremos todos, no Céu (ou num Céu), você, vosso pai Johan Sebastian, nosso querido leitor e eu. Quem sabe, descobriremos então que somos todos irmãos?
Fiquem com Deus!
Um forte abraço.
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Essa sensacional obra foi referência de, dentre outros, nada mais nada menos que Ludwig Van Beethoven. Com efeito, "O cravo bem temperado" faz parte daquelas obras que só podiam feitas por um gênio: Johan Sebastian Bach, "o mestre dos mestres".
ResponderExcluir"Ouvir a obra de Bach é um conflito constante entre sua beleza e sofisticação e o fato de nos tornar pequenos diante de tal genialidade".
ResponderExcluirCaríssimo Sr. Anônimo, concordo com cada palavra vossa. E aproveito para agradecer-lhe a visita.
ResponderExcluirFique sempre à vontade para deixar qualquer comentário, que sempre nos honra.
Lobão
É impotante destacar que esse conjunto de 48 prelúdios e fugas ("O Cravo bem Temperado") é fundamental para a história da música. Isso porque para compô-lo, Bach dividiu o tom de forma que tons sustenidos e bemois passaram a poder ser tocados de maneira inédita no mesmo instrumento de teclado (órgão ou cravo). O piano veio em seguida (Bartolomeu Cristóforis) em decorrência, justamente, da brilhante ideia de Bach.
ResponderExcluirMuito bem, caro Izaac! O que J.S.Bach quis fazer foi exatamente isso, demonstrar o novo "temperamento" que surgia para substituir a velha forma Modal.
ResponderExcluirSinceramente não entendo a música de Bach, sou completamente cego por conta de minha ignorância sobre música. Alguém, por gentileza, me aconselharia a leitura de algum artigo a respeito de Bach, sobre música, etc, ou um livro para que eu melhore minha visão? Desde já agradeço e parabenizo o autor do site e seus leitores por dar utilidade real à grande rede. Obrigado.
ResponderExcluirBach era um genio do teclado enfluenciando muito Keith Emerson do emerson lake and palmer Rick wakeman ex: YES quer dizer os fantasticos musicos do Rock Progressivo beberão comerão e dormirão na musica de Bach. Leonel campinas sp
ResponderExcluirSou aluna de piano no CM de sergipe e gosto muito das obras de bach, principalmente as contidas no cravo bem temperado
ResponderExcluirMuito bem querida aluna de piano, só espíritos superiores identificam-se espontâneamente com Bach, e, o Cravo, (os dois volumes) são de muito difícil execução. Coseguir leválos a bom termo significa ter atingido o esmero necessário à técnica de virtuose. Parabéns!
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