A Viuva Alegre
Como à maioria dos compositores eruditos, mas nem todos claro, conheci o Austríaco Franz Lehar ainda na minha meninice, mas não no Conservatório Leonie Ehret onde nasci, não. Na verdade conheci-o através de uma velha vitrola à corda, uma magnífica Paillard da primeira metade do século passado, não que seja tão velho, não.
Na casa de meus pais, como nas demais, creio, havia uma bela Victrola RCA, daquelas enormes, de madeira, com duas portas laterais que escondiam os alto falantes e uma janela central que encerrava o receiver valvulado, o pic-up e o container dos discos. Constituía verdadeiro sacrilégio, pôr a rodar nesta obra de arte tecnológica, um velho disco de Cera de Carnaúba de 78 RPM. Ora, ninguém mais os usava, muitos foram para o lixo, mesmo assim, alguns que sobravam ilesos à indignidade humana, eram proibidos de rodarem nas modernas Vitrolas eléctricas, explico: a agulha de finíssimo diamante, projetada para rodar normalmente em 33/3 rpm, rapidamente se gastaria reproduzindo os pesados 78 rpm, mesmo nos pick-ups guarnecidos com duas agulhas uma para 33, outra para 78 rpm, não se costumava rodá-los, com receio que a alta rotação aliada aos arranhões e chiados naturais aos 78 rpm, danificassem a bobina captadora.
Bem, lá em casa, como na maioria das moradas da época, além da moderna vitrola, (normalmente posta na sala principal da casa com grande ostentação, como peça de grande valor decorativo e demonstração de elevado status), escondia-se em algum armário, com um bom número de velhos discos, uma velha vitrola à corda,.
Esta velha vitrola, uma Paillard, e esses vários discos de Cera de Carnaúba constituíram, para mim, o maior alumbramento de toda minha meninice. Como já falei disso neste tópico, não vou repeti-lo agora.
O que importa é que, com esta vitrola magnífica só para mim, descobri coisas maravilhosas que jamais descobriria nos Conservatórios. Compositores estupidamente taxados pelos críticos desespecializados (e aqui já venho com meu ódio mortal aos críticos) como compositores menores, e nos conservatórios sequer citados, por não entrarem em seus programas oficiais. Além de uma variedade de compositores brilhantes e únicos em sua arte, indignamente rotulados de semi-eruditos. Semi-eruditos? Que piada...
O que importa é que esta velha vitrola me trouxe grandes alegrias e emoções, uma delas foi Franz Lehar, um dos maiores compositores Austríacos da segunda metade do século passado, autor da célebre Viúva Alegre, quem não conhece a Viúva Alegre? Pois bem, eu, conheci através da velha Paillard de 78 rpm. Já havia, a época, o vinil, mas, eu, conheci-a através dum velho 78 rpm de Cera de Carnaúba... Hoje, mais uma versão, desta vez em CD, aqui no piano classico em formato mp3, apenas outra face duma velha e conhecida moeda, espero que aprecie!
Rogamos por mais uma semana repleta de boas realizações, para você e seus queridos, sempre com a boa assistência das superiores entidades que em tudo se dignam em acudir-nos.
E agora, como gosto de dizer: Vou colocar o disco na vitrola e morrer só mais um pouquinho...
Forte abraço.
Lehár - Die lustige Witwe
Cheryl Studer (sop): Hanna
Boje Skovhus (bar): Danilo
Bryn Terfel (bass-bar): Zeta
Rainer Trost (ten): Camille
Barbara Bonney (sop): Valencienne
Uwe Peper (ten): Raoul
Karl-Magnus Fredriksson (bar): Cascada
Heinz Zednik (ten): Njegus
Richard Savage (bar): Bogdanowitsch
Lynette Alcantara (sop): Sylviane
Philip Salmon (ten): Kromow
Constanze Backes (mez): Olga
Julian Clarkson (bass): Pritschitsch
Angela Kazimierczuk (sop): Pragkowia
Wiener Tschuschenkapelle; Vienna Philharmonic Orchestra
John Eliot Gardiner, Dir.
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