terça-feira, 7 de setembro de 2010

Eden Ahbez






                               Eden Ahbez                                     


















   Minha natural aversão aos críticos de arte tem (obviamente) lá suas razões, e são tantas... A necessidade de rotular arte tal como isso ou aquilo é o que de mais nojento fazem os críticos. Inconformados com os grandes rótulos (os genéricos): Erudita e Popular, subdivididos em seus pequenos rótulos: Renascentista, Barroco, Romantismo, Classicismo, Impressionismo, modernismo, Pós modernismo (quanto ismo...), na primeira divisão, e:  Rock, Jazz, Blues, Samba, Pop, New Age... (Só para citar alguns exemplos da segunda divisão) e, cada um desses citados, possui dezenas de micro-divisões, querem ver? Só como exemplo,  vejamos na música que se rotula de Rock, alguns de seus fragmentos:
 (Este trecho que circula na Internet descreve alguns tipos de Rock de forma muito sarcástica)


   "No alto do castelo, há uma linda princesa - muito carente - que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão”...

HEAVY METAL:
O protagonista chega ao castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela.

METAL MELÓDICO:
O protagonista chega ao castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

THRASH METAL:
O protagonista chega no castelo, duela com o dragão, salva a princesa e transa com ela.

POWER METAL:
O protagonista chega brandindo sua espada e trava uma batalha gloriosa contra o dragão. O dragão sucumbe enquanto ele permanece em pé, banhado pelo sangue de seu inimigo, sinal de seu triunfo. Resgata a princesa. Esgota a paciência dela com auto-elogios e transa com ela.

FOLK METAL:
O protagonista chega acompanhado de vários amigos e duendes tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora, sem a princesa, pois a floresta está cheia de ninfas, elfas e fadas.

VIKING METAL:
O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL:
O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL:
Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

GORE:
Chega, mata o dragão. Sobe no castelo, transa com a princesa e a mata. Depois transa com ela de novo. Queima o corpo da princesa e transa com ele de novo.

SPLATTER:
Chega, mata o dragão, abre-o com um bisturi. Sodomiza a princesa com as tripas do dragão. Abre buracos nela com o bisturi e estupra cada um dos buracos. Tira os globos oculares da princesa e estupra as órbitas. Depois mata a princesa, faz uma autópsia, tira fotos, e lança um álbum cuja capa é uma das fotos.

DOOM METAL:
Chega no castelo, olha o tamanho do dragão, fica deprimido e se mata. O dragão come o cadáver do protagonista e depois come a princesa.

WHITE METAL:
Chega ao castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma "Igreja Universal do Reino de Deus”.

NEW METAL:
Chega ao castelo se achando o bonzão e dizendo o quanto é bom de briga. Quer provar para todos que também é foda e é capaz de salvar a princesa. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. O protagonista New Metal toma um prozak e vai gravar um disco "The Best Of”.

GRUNGE:
Chega drogado, escapa do dragão e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa dá um soco na cara dele e vai procurar o protagonista Heavy Metal. O protagonista grunge sofre uma overdose de heroína.

ROCK N'ROLL CLÁSSICO:
Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e depois de muito sexo, drogas e rock n roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK:
Cospe no dragão, joga uma pedra nele e depois foge. Pixa o muro do castelo com um "A" de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

EMOCORE:
Chega ao castelo e conta ao dragão o quanto gosta da princesa. O dragão fica com pena e o deixa passar. Após entrar no castelo ele descobre que a princesa fugiu com o protagonista Heavy Metal. Escreve uma música de letra emotiva contando como foi abandonado pela sua amada e como o mundo é injusto.

PROGRESSIVO:
Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o protagonista Heavy Metal.

HARD ROCK:
Chega em um conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel's. Mata o dragão com uma faca e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

GLAM ROCK:
Chega no castelo. O dragão rí tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o hair dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

INDIE ROCK:
Entra pelos fundos do castelo. O dragão fica com pena de bater em um nerd franzino de óculos e deixa ele passar. A princesa não aguenta ouvir ele falando de moda e cinema, e foge com o protagonista Heavy Metal.



   Existem muito mais divisões, e o número cresce constantemente, agora mesmo, neste exato momento, algum crítico imbecil  (redundância) deve estar a criar um novo designativo (novo rótulo) para alguma zoada repugnante e indigesta que esteja a ouvir, fruto das lucubrações mentais de algum doidivanas embriagado a acompanhar-se d'uma banda de lata, ou, de uma Banda de Latas...
   Bem, este lobão que vos fala aceita as divisões normais na Música Erudita, e, aceita também as divisões normais e genéricas da música popular, naturalmente que estas últimas fronteiras são um tanto quanto complicadas de  se estabelecerem, é certo, mas, com jeito, tudo se acerta. Não se pode, entretanto,  é ficar "inventando" estilos e nomenclaturas  diferentes para qualquer frase musical idiota que qualquer compositorzinho igualmente idiota, tenha tido o desplante e ousadia de "criar". Principalmente aqui na nossa terrinha, em que nossos ilustres músicos compositores parecem ter a mentalidade de uma criança de dez anos, mentalmente retardada.

   Bem, este preâmbulo meio zangado, meio enfezado, é apenas para servir-nos de intróito para este outro  pequeno trecho, que circula pela Internet, até na Wikipédia, modificado aqui e acolá, cada um querendo dar seu timbre pessoal, mas, o que se sabe é que é texto copiado sim, sabe-se lá de quem mas, o é. Vejamos, é interessante:

   "So, here's a great, great (one of the best) goofy odd 60's exotica albums of all times from one of the weirdest and unexplained composers ever. It's kitschy and almost child-like atmosphere, brilliance of arrangement with tasteful yet naive choruses of paradises lost and psychedelic roads of calmness, definitely lock-up the age of relaxed psy music makers into the 60's. It is very strange how far and "romantic" this record sounds. It's like we will never hear something this childish done with such an effort for detail."
   "Ahbez boasted a resumé as colorful and mysterious as his music. Born Alexander Aberle in Brooklyn in the early 20th century, he changed his name in the 1940s shortly after moving to (where else?) California. A hippie a good 20 years before his time, he cultivated a Christ-like appearance with his shoulder-length hair and beard. He claimed to live on three dollars a week, sleeping outdoors with his family, eating vegetables, fruits, and nuts."Leia mais  AQUI    e   AQUI       

   Bem, é difícil rotular Ahbez, muito difícil, mas, nem por isso vamos agora ficar inventando nomes esdrúxulos para movimentos idem, só na tentativa de encaixar isso ou aquilo outro.
   Eden Ahbez, o grande  ahbe, compositor da magnífica Nature Boy, imortalizada na voz de Nat King Cole (ouça aqui)    o excepcional e estanho Eden Ahbez foi, simplesmente, um compositor popular, é, deve ser incluído nesta divisão da música, da qual foi um grande colaborador e construtor, sem exageros, sem exotismos ou nomenclaturas entranhas, somente "popular".
   Agora, eu aqui, vou colocá-lo na Página Classic Rock, que, como costumo dizer, tem me servido como um grande baú, onde coloco de tudo. Tudo aquilo para o qual  não encontro lugar adequado...
   Bem, Pop, Rock,  Esotic, Kitsh,  Trash... Independentemente do rótulo, Eden Ahbez deve ser ouvido, contemplado e estudado. Este  cabeludo precursor dos Hippies, nascido em 1908, vegetariano, que costumava usar  sandálias e roupas brancas, dormia ao ar livre com sua família e afirmava viver com apenas três dólares por semana, e assim o fazia, enquanto estudava filosofia oriental, deve ser conhecido e admirado.
   Bem, ouçamos Eden Ahbz!








                                                                                                                                                         

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