01. Gnossienne 3
02. Idylle
03. Gymnopedie 1
04. Embryons Desseaches
05. Croquis et Agaceries D'un Gros Bonhomme en Bois
06. En Habit de Chaeval
07. Airs a Faire Fuir 2
08. Veritables Preludes Flasques (Pour Un Chien) 2
09. Gnossienne 1
10. A Solas con Satie.
02. Idylle
03. Gymnopedie 1
04. Embryons Desseaches
05. Croquis et Agaceries D'un Gros Bonhomme en Bois
06. En Habit de Chaeval
07. Airs a Faire Fuir 2
08. Veritables Preludes Flasques (Pour Un Chien) 2
09. Gnossienne 1
10. A Solas con Satie.
*Sobre o magnífico Erik Satie, escrevi certa feita: Há músicas que impressionam logo na primeira audição, penetrando profundamente o espírito e a mente do ouvinte. Impressionando-o talvez, como a uma anêmona-do-mar, segundo o filósofo poeta John Cowper Powys, estando seus tentáculos abertos e receptivos ao encontrar um semelhante ser, em idéias e sentimentos (a anêmona, naturalmente).
Debussy afirmava que a música deve abalar, comover, perturbar, enfim, impressionar o ouvinte logo de saída. Na minha mocidade, essa coisa potencializada ao infinito ocorria com certa freqüência. Para deleite meu, ocorreu durante a primeira audição que tive da música de Érik Satie, logo nas primeiras frases, executada que foi por alguém cuja memória no momento me foge, mas que certamente foi um excelente pianista, pelo que me fez sentir. Registrei, na época, que sentira uma espécie de explosão interior a romper cursos sangüíneos ocultos e perigosos. Agora a pouco (alguns meses) após uma visita a um velho amigo, pianista, assentei em minhas notas pessoais após ouví-lo tocar a Ginopédia 01: “Senti, num breve momento, aquela explosão interior de outrora, as mesmas artérias rompidas, a jorrar... O coração pulsando firme, encantado com aquela deslumbrante viagem astral que me conduziu a um passado distante..." Bem, não é preciso dizer que tenho grande admiração pelo inspirado compositor.
Quanto à vida do grande pianista, está consignado na História da Música que a crítica sempre lhe torceu o empinado nariz, tachando-o de "medíocre" pela falta de recursos técnicos e ausência de virtuosismo. Tendo sua genialidade reconhecida tão somente por uns poucos amigos, como Debussy, Ravel e até Picasso, o pintor (que minoria heim?). Érik Satie, criador do ragtime, da música ambiente, precursor do minimalismo e do surrealismo, na música, foi realmente, durante sua conturbada existência, compreendido somente por uns poucos, porém, iguais no gênio.
Fato interessante de sua vida foi ter abandonado a Ordre de la Rose-Croix Catholique du Temple et du Graal, onde foi Mestre de Capela, para fundar sua própria igreja, a Eglise Métropolitaine d'Art de Jésus Conducteur, que, dizem, foi ele próprio seu único membro, tendo excomungado, entretanto, todos que dele discordaram. É, o cara era louco, condição sem a qual não se pode desenvolver a genialidade artística, creio!
Bem, muitos, hoje em dia, são os que interpretam Erik Satie em seus recitais, e é de difícil execução sua música, apesar de filha de um "medíocre", como quis, outrora, a crítica desespecializada, no entanto, a profundidade expressiva da obra do grande compositor exige do músico que se atreva a executá-la, um bocado de sensibilidade aliada à grande capacidade de interpretação, que, só virtuoses costumam possuir.
Dentre os excelentes que se atreveram interpretar Érik Sátie, com muita propriedade, como Stephane Guinsburg; Robin Bowman; F.Larrard; C.Mansi; Richard Anatone; Kaila Rochelle; Andreas Pfaul; só para citar alguns, tenho especial predileção por Branca Parllic que, parece-me, consegue assimilar algo a mais da personalidade de Erik Sátie, principalmente naquelas peças de sentido místico mais ecentuadas. Na parte, digamos, mais graciosa da obra de Satie, não podemos esquecer da leitura de Jean-Pierre Armengaud, que, a meu ver, sintetiza de forma particularíssima essa atmosfera. Quando uso o termo "atrever-se" a interpretar Sátie, não estou, absolutamente a diminuir nenhum pianista, antes, estou unicamente a reconhecer a genialidade criativa do compositor, cujas frases e construções mais simples são recheadas de sentimentos ocultos de difícil expressão. A Ginopédia n. 01, só para citar um exemplo, é de construção tão simples que quase não resiste à uma análise estrutural, entretanto, de tão difícil execução que, se o amigo leitor não for pianista, ouvindo alguns dos músicos acima citados e atentando em cada qual sua personalíssima interpretação, verá, com claridade, o que afirmo.
Bem, Érik Sátie é mais um exemplo, entre muitos, da falta de reconhecimento e isolamento impingido pela Crítica de cada época. Pelo menos é reconfortante saber que a tal Crítica jamais resiste ao tempo. E afinal, vence o talento, sobrepujando-a. É, parece que o ideal filosófico da vitória do bem contra o mal se realiza, pelo menos na música.
Forte abraço.
Obs.:Para baixar mais Erik Satie, ide ao Índice de Música Erudita.
(*) Artigo originalmente editado n'O Pensador Selvagem, na coluna Quiáltera , assinada por lobão.
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xava
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